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A maconha é uma droga tão leve assim?

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Numa época em que existe pressão de vários setores da sociedade a favor e contra a legalização da maconha, é conveniente pesar alguns pontos para a reflexão.

A maconha é a droga ilícita mais produzida e consumida no mundo. Apesar da reputação de droga leve, o uso abusivo da maconha pode produzir diversos efeitos colaterais, levando à dependência numa parcela significativa de usuários. O uso crônico induz o advento de um estado de apatia generalizada, chamada de síndrome amotivacional.

O usuário que desenvolve a síndrome amotivacional fica socialmente isolado, perde a motivação para atividades rotineiras, distancia-se afetivamente das pessoas e da realidade das pessoas, apresentando, também, redução na concentração e na capacidade de memorização. A síndrome amotivacional, pelas suas características, é confundida com um estilo de vida tranquilo, contemplativo e harmonioso.

Algumas pessoas argumentam que a maconha tem grande potencial medicinal e até citam exemplos de estudos. Isso é parcialmente verdade. Há dois componentes na maconha, aquele que é responsável pelo “barato” e todas as suas consequências, chamado tetraidrocanabinol (THC), e outro, o canabidiol, que tem sido estudado e parece apresentar algum potencial médico.  O problema é que o usuário comum inala na fumaça tudo isso, sem separar um componente do outro, obviamente.

Outra particularidade que é absurdamente ignorada é o fato de a maconha estar ligada ao aparecimento de transtornos mentais mesmo em pessoas sem qualquer histórico prévio ou herança genética. E não são transtornos passageiros ou simples, falamos aqui de esquizofrenia e transtorno bipolar - por exemplo -, problemas para os quais, na melhor das hipóteses, pode-se amenizar sintomas.

Além de tudo isso, a maconha, por ter este caráter falsamente brando, serve como porta de entrada para outras drogas, como a cocaína e o crack.

Marchar pela legalização da maconha faz parte do direito de opinar, ainda que, para expressar opinião de maneira equilibrada, seria interessante considerar todos os argumentos na balança, inclusive os que desfavorecem os usuários.

Autor

Dr Régis Franciozi

Dr Régis Franciozi

Psiquiatra